Serra das Águas

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'A banda de música dá a possibilidade de acesso à cultura', diz o maestro Aparecido José Belchior

Publicado dia 30 de Abril de 2022 às 21:46 por Luís Cláudio de Carvalho
Modificado dia 30 de Abril de 2022 às 21:46
Professor de música e maestro, Aparecido José Belchior vai além da formação musical: seu objetivo é a formação social. Em live transmitida pelo Instagram do Serra das Águas, o maestro fala de sua trajetória e defende que a música proporciona oportunidades Músico profissional, professor de música e maestro. Cantor, compositor, ator e, nas horas vagas, um pouco humorista, pedreiro e pintor. Estamos falando de Aparecido José Belchior, conhecido na região das Terras Altas da Mantiqueira pelo seu trabalho como maestro da banda de música de Itanhandu. Além de atuar no município, onde mora, Aparecido também dá aulas em Itamonte e Pouso Alto. Para além do trabalho com bandas de música, o maestro é grande incentivador da participação de crianças e jovens, motivando-os para a produção cultural, para o exercício pleno da cidadania e para o respeito para com o próximo. Nascido no Paraná, há 41 anos, de onde saiu ainda bebê, morou em São Paulo por 12 anos. Mudou-se com a família para Felixlândia (MG), onde começou a tocar na banda e estudar música. Aos 16 anos tornou-se maestro, vindo, aos 18 anos para Itanhandu, justamente para reativar a banda de música e regê-la. *Bandas proporcionam formação social* Durante sua experiência como maestro e professor, Aparecido encontrou diversas formas de contribuir para a formação cultural e social de seus alunos. Uma dessas maneiras foi a oferta de aulas gratuitas para pessoas de baixa renda, principalmente através das prefeituras, o que também levou o seu trabalho a ter grande alcance social na região. Embora trabalhe na formação musical de crianças e jovens também por meio de aulas particulares, ele afirma que "a banda de música é muito democrática". Isso porque, de acordo com ele, as bandas de música oferecem oportunidades para crianças que não teriam como pagar por aulas particulares. "A banda de música na cultura mineira, de uma forma geral, tem um grande papel de educação musical e social. Quando uma criança que tem baixo poder aquisitivo teria como comprar um instrumento? Dificilmente conseguiríamos ter algumas crianças que hoje tocam nas bandas e conseguiriam ter acesso a esse tipo de conteúdo, porque o instrumento e a aula particular são caros." Segundo o músico, uma criança que tem condições de frequentar uma escola de música particular nunca terá a mesma bagagem cultural de uma que frequenta as aulas na banda de música. "Essa criança que participa da banda tem contato com vários tipos de pessoa, toca vários ritmos, tem uma experiência social muito maior. Então a importância da banda de música é dar possibilidade de as pessoas aprenderem e terem acesso à cultura, à música, à educação, a viagens, a uma vida social". *Respeito ao próximo* Justamente por incentivar que as crianças e adolescentes que participam das bandas tenham esse tipo de vivência, Aparecido se preocupa com a formação deles enquanto cidadãos. Além de motivar as pessoas a produzirem cultura, o maestro incentiva seus alunos a exercerem plenamente a cidadania. "Hoje eu tenho alunos que estão comigo há 18 anos, que ainda estão na banda, e têm um carinho enorme por mim, e eu tenho um carinho enorme por eles. Mesmo existindo o conflito, existe o respeito, a consideração, o carinho. Isso que é importante, porque o cidadão de verdade, respeita. (...) Essa é a forma que a gente educa as crianças e adolescentes, para que independente da forma que eles pensem, eles sempre respeitem. Defendam o seu ponto de vista, é claro, porque afinal de contas, você tem que defender o que acredita, mas dentro do respeito à opinião e à defesa do outro." *"A cultura está de dentro pra fora"* Questionado sobre o que é cultura, Aparecido é categórico em dizer que a produção cultural dos artistas têm relação com o que eles vivem. Logo, é preciso melhorar a realidade das pessoas. "As pessoas têm uma visão deturpada da cultura hoje, porque acham que cultura é tudo aquilo que é sofisticado. Não, muito pelo contrário. A cultura, muitas vezes, é produzida onde não existe sofisticação. Muitas vezes ela é produzida por alguém que não tem acesso a uma educação de qualidade. Mas ele consegue produzir cultura, porque ela não está de fora para dentro, ela está de dentro pra fora. (...) Todo mundo critica o funk, mas eu não critico, por que como alguém que cresce no alto do morro, que não tem acesso a educação de qualidade, que não tem acesso a escola de música, que é aliciado pelo crime, pelo tráfico, pela prostituição... como essa pessoa vai ser capaz de compor uma música que não seja sobre isso? As pessoas compõem e falam sobre aquilo que elas vivem. (...)" Por isso, o músico entende que é preciso dar oportunidades para que as pessoas desenvolvam os talentos que elas já têm. "O Brasil é um país enorme, e a gente precisa entender que às vezes a pessoa tem talento, o que a gente precisa é dar oportunidade para que ela possa produzir cultura dentro de um contexto que seja um pouquinho melhor". *Assista a live completa:* instagram[https://www.instagram.com/p/Cc9G-I1Fq91]
Luís Cláudio de Carvalho Luís Cláudio de Carvalho é fundador do site Serra das Águas e bacharel em Administração Pública. Tem experiência como Coordenador de Turismo e Cultura, Secretário de Governo e Ouvidor Municipal
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